Wednesday, April 23, 2008

Sequeira fala ao jornal Abola

"O dia seguinte a uma vitória por 5-0 queria-se calmo, mas não foi o caso. As declarações de Jorge Jesus no final do encontro com o Vitória de Setúbal, expressando que não sabia se continuava a ser querido do Restelo por ter ideias diferentes das da Direcção, não caíram bem ao presidente Fernando Sequeira e saída do treinador para Braga pode não demorar muito tempo.
O Belenenses quer que Jesus fique, mas a Direcção entende que a influencia do treinador na gestão do clube é maior do que a que o novo presidente pretende, de acordo com o modelo de gestão que defende, já que quer que a Direcção assuma mais responsabilidade.
A ruptura pode estar iminente, uma vez que nos últimos tempos Jesus tem alimentado o tabu Sp. Braga. Ao que foi possível apurar, já foi confrontado pela Direcção sobre reuniões que terá tido em Braga com os minhotos, mas tem mantido a dúvida. O acordo com o Sp. Braga pode estar por horas. Jesus pode sair sem indemnizar o Belenenses, cláusula acordada com a anterior Direcção.
Ontem, o técnico esteve na SAD durante uma hora e saiu em silêncio. Fernando Sequeira fez questão de vincar que decisões de gestão passarão sempre por si.
— Qual o teor da reunião com Jorge Jesus?
— Foi para tentar perceber a razão daquelas declarações. Não vejo razão para que estas coisas sejam tratadas na comunicação social. Respeito que tenham opiniões diferentes das minhas, é saudável, mas devem ser tratadas dentro do clube. Naturalmente, tenho uma ideia de gestão da qual não prescindo. A gestão do clube tem de ser feita com muito rigor, muita seriedade. Gerir um clube é como gerir uma empresa, porque quando não é assim acontece o que está a acontecer com o Boavista. Não quero que o Belenenses siga esse caminho.
— Jorge Jesus terá ido longe de mais?
— Provavelmente. As pessoas devem revelar algum bom-senso. Às vezes, debaixo de algum entusiasmo são capazes de expressar coisas que deviam tratar dentro do clube.
— O Belenenses vai agir?
— A questão foi esclarecida com o treinador. Sou presidente e a gestão do clube é feita por mim. Jorge Jesus é treinador. Tem de treinar a equipa e fá-lo bem. Enquanto treinador treina a equipa, quem gere o clube sou eu.
— Está em causa a sua continuidade?
— Aceito que as pessoas tenham ideias diferentes, mas devem tratá-las no local próprio.
— E poderão continuar a conviver?
— Convivo perfeitamente com quem tem ideias diferentes das minhas...
— Mas haverá algum processo interno?
—Tivemos uma conversa, debatemos a situação, ele expressou-me que não tinha qualquer melindre.
— Mas ficou encerrado hoje [ontem] ?
— Isso é interno.
— As declarações terão sido fruto da euforia da vitória?
— No futebol há altos e baixos. Quando estão em cima, as pessoas têm tendência a manifestar-se de uma maneira. Quando estão em baixo têm tendência a manifestar-se de outro. Se fosse uma derrota se calhar a conversa era diferente... "

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