Era uma vez o Belenenses

Ainda estou com a garganta seca de tanta angústia. Olho para a minha parede, repleta de retratos de antigas glórias, com Vicente, Pepe, Matateu, Mladenov, Artur José Pereira, Artur Quaresma, Di Pace, José António, Acácio Rosa, as lágrimas cobrem-me os olhos. Reparo no Campeonato de 46, e penso o quão longe estamos. Observo o banco de jardim, onde está gravado "Aqui Nasceu o C. F. "Os Belenenses" 23-9-1919", e pergunto-me o que fariam os rapazes que ali se sentaram outrora se hoje acompanhassem este Belenenses. Vejo frases como "O Império Azul", ", "A Taça em Mar Azul", "BELÉM CAMPEÃO: Era uma vez, a 26 de Maio de 1946, em Elvas". Pergunto-me: como? como é que chegamos aqui? Vêm-me de novo as lágrimas.

Falava hoje com uma amiga, perguntava-me o porquê do exagero da minha paixão pelo Belenenses, respondi que só desejava que o Belenenses volta-se a ser o que foi outros tempos, um grande do futebol português. Faria tudo o que pudesse para tal. Fiz referência aos mais velhos, que em momento algum desprezam o bom nome do Belenenses. Eu, com 17 anos, tento ensinar aos que me são próximos o que é o Belenenses, acho que, nos tempos de hoje, dentro das minhas possibilidades, não posso fazer muito mais. Na época passada, numa típica discussão de futebol, com um sportinguista, fiz uma aposta em como o Belenenses vencia o jogo. Golo de José Pedro, vencemos um zero. Disse ao sportinguista: "Guarda o dinheiro, ganha respeito ao Belenenses".

Vou ao Restelo, vejo o meu Belenenses a ser destruído, e reparo em aplausos vindo das bancadas. Para mim, isso não é ajudar o Belenenses. O Belenenses é dos sócios, os sócios são o clube. Em último lugar, vamos aplaudir a equipa? Com que ideia é que ficará Carciano´s e companhia? "Este pública gosta da equipa em último lugar? Que espectáculo!". E regressam ao Brasil a contar aos amigos este Belenenses. Em vez de ouvirem as Histórias de Scopelli.